O filme Guerra Civil pode ser descrito como uma pedrada inesperada, mas muito necessária se consideramos o cenário da sociedade atual.
Sem alarde na mídia e com um marketing bem modesto, o filme estreou no Brasil no último dia 18 de abril e tem colhido boas notas nos agregadores de críticas (3.2/5 no Adoro Cinema, 71% no Rotten Tomatos e 75% no Metacritics).
O roteiro de Alex Garland, que também é o diretor do filme, apresenta um cenário distópico e em certo momento provável, onde os Estados Unidos esta em um embate civil. De um lado está o presidente da nação que conta com suas forças armadas; enquanto do outro lado temos os estados do Texas e da Califórnia que lideram um movimento separatista.
No meio do caos que se instaura na nação temos um grupo de experientes jornalistas que tem a missão de atravessar o país em meio ao fogo cruzado para entrevistar o presidente, mas ao longo do caminho qualquer coisa pode acontecer.
Não são raros os momentos de conflito pesado entre compatriotas de lados opostos, e tudo é documentado por meio de fotografias, e para que este papel seja desempenhado é necessário que o “profissional” seja frio, já que, são imagens e cenas pesadas e devem ser registradas.
E é aqui que brilha a atriz Kirsten Dunst, no papel principal da renomada fotojornalista Lee Smith. Confesso que não sou um grande fã da atriz, mas, neste papel está a melhor atuação dela que eu tenha visto. Ela consegue transmitir um estado emocional frigido de uma personagem que já passou e viu muita coisa em termos de guerra, e teve que apenas registrar momentos que ficariam gravados na memória de qualquer pessoa, ela já não se sente chocada com qualquer coisa, ela já não se surpreende com qualquer coisa, bom pelo menos em grande parte do filme, e cabe a ela ser uma espécie de tutora da jovem Jessie Cullen (interpretada atriz Caliee Spaeny), que tem em Lee sua grande inspiração.
Wagner Moura por sua vez interpreta Joel, parceiro de trabalho de Lee, é tão frio quanto ela e em dados momentos parece estar se divertindo com o embate em sua nação, não há muito o que se destacar na atuação de Wagner, só dizer que já o vimos entregando trabalhos bem melhores, como em Tropa de Elite 1 e 2, por exemplo.
O roteiro do filme é um ponto a se destacar, ele não dá muitas informações sobre o contexto do cenário que apresenta, ele não se preocupa em mostrar as motivações de cada lado que culminaram no embate, não existe um lado político claro, o governo atual não é classificado como Democrata ou Republicado, quanto aos personagens, o comportamento é o mesmo, não existe uma construção dos personagens em si, somente Lee tem algum contexto demonstrado em rápidas cenas de flashback.
Dando no expectador a sensação de que nem sempre sabemos os por menores do contexto geral, nem todo soldado sabe o motivo pelo qual está lutando, ele simplesmente esta seguindo ordens, ou mesmo, nem todo cidadão estará a par de toda situação se por algum motivo se ver em meio a um conflito destes, como disse, o roteiro não entrega tudo de bandeja, e deixa a cargo do expectador este entendimento.
As cenas de ação são densas e filmadas de ângulos que dão o exato tom do conflito, não é raro ver rajadas de tiros de metralhadoras ao fundo das cenas.
As cenas do final do filme tem um plano sequência de tirar o folego e com um nível de tensão que impressiona.
Guerra Civil é um filme mais do que necessário dado o contexto atual da sociedade como um todo, o clima do "nós contra eles" é algo que já estende a diversos países ao redor do mundo, e mostra a realidade cruel de um conflito onde não há vencedores, somente perdedores e vítimas.
Nota 8.5/ 10
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